Brasil registra 1ª morte por variante indiana do coronavírus.

Avanço da cepa preocupa especialistas em meio a alertas da Organização Mundial da Saúde (OMS)

Foto: Reprodução

Identificada pela primeira vez na Índia, a variante Delta do novo coronavírus está avançando por todo o planeta e preocupa especialistas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cepa circula por 92 países. No Brasil, o Ministério da Saúde informa que, até o momento, 11 casos já foram detectados, com a confirmação de uma morte. O óbito aconteceu no fim de abril, mas só foi divulgado nesta sexta-feira (25) . Apenas a Região Norte continua sem incidência da variante.

Os primeiros registros da cepa no país foram confirmados em maio entre os tripulantes do navio MV Shandong da Zhi, que atracou em São Luís. No momento, 6 dos 11 casos listados pela pasta federal são de tripulantes da embarcação. Há ainda dois casos de Apucarana (Paraná), e ocorrências isoladas nos municípios de Campos dos Goytacazes (Rio), Juiz de Fora (Minas) e Goiânia (Goiás). O primeiro caso da Delta no Paraná foi anunciado no início do mês. Uma senhora de 71 anos, que apresentou sintomas, foi hospitalizada e sobreviveu.

O segundo caso confirmado no Estado foi de uma mulher que tinha 42 anos, que acabou morrendo. Ela apresentou sintomas dois dias após chegar ao Brasil. Oito dias depois, foi internada.

O quadro piorou e, no terceiro dia de hospitalização, morreu após uma cesária de emergência no dia 18 de abril, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira. O recém-nascido prematuro testou negativo para covid-19 e se encontra saudável, após dois meses internado. A Secretaria de Saúde do Estado não considera que há transmissão comunitária da Delta na região e informa que aguarda a análise de outras amostras também enviadas para o programa de vigilância realizado em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Goiânia, por outro lado, é a única cidade do País a constatar transmissão comunitária da cepa. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o caso da variante Delta foi detectado em um estudo feito em parceria com a Universidade Federal de Goiás, que testou 62 pessoas. A cepa foi identificada em uma jovem com sintomas leves e sem histórico de viagem. O município informa que outros casos de covid-19 foram confirmados após uma busca ativa da Vigilância Sanitária em contatos próximos dela. Apesar disso, como essas pessoas não eram participantes do estudo, não é possível afirmar que também sejam infecções pela Delta.

Tanto no primeiro positivo registrado no Paraná quanto no caso de Goiás, os pacientes não eram considerados suspeitos de infecção pela variante e foram localizados de maneira aleatória por estudos locais de monitoramento genômico. Mas o diretor da Fiocruz São Paulo, Rodrigo Stabeli, também consultor da OMS para genômica, considera que o monitoramento ainda é “ruim”. “Espero que um dos legados dessa pandemia é reforçar a vigilância em saúde no Brasil, principalmente a epidemiológica, que antes era vista como uma ciência e não como um ato de saúde pública. É ela quem consegue prever e planejar as ações que vão dar conta de um surto.”

De acordo com o especialista, apesar de ser um dos líderes da prática na América Latina, o Brasil ainda está longe de outros lugares no que diz respeito a essa atividade. “Fazemos menos de 1% do que os Estados Unidos fazem, por exemplo.” Essa ausência de dados acarreta em lacunas de informação. “Nós podemos ter essa variante já circulando. Por isso, precisamos incentivar a vacinação e também o uso de máscaras. A máscara previne qualquer variante, seja Gama, Delta ou Alfa”, explica.

Ratreio

Na maior parte do Brasil, as ações para contenção e prevenção da covid-19 são universais para todas as variantes e abrangem estratégias de isolamento social, testagem, incentivo à vacinação e aos protocolos de proteção, como o uso de máscaras. Em alguns locais, porém, há também a realização de barreiras sanitárias, controladas, em sua maioria, por municípios e reforço nas ações de monitoramento genômico.

No Maranhão, por exemplo, as barreiras estão localizadas nas principais portas de entrada da capital São Luís e de Imperatriz segunda maior cidade. Apesar do caso dos seis tripulantes estrangeiros contaminados com a nova cepa, o Estado não registra episódios locais confirmados da variante. Em razão da identificação da cepa e o risco iminente de transmissão local, o Ministério da Saúde antecipou o envio de 300 mil doses de vacina contra covid-19 para os municípios de São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.

As barreiras sanitárias também estão presentes em Manaus, no Amazonas, e em alguns municípios do Espírito Santo. Além de cidades, principalmente fronteiriças, do Pará e de Roraima – que não apresentam casos da variante Delta.

Desde o início de junho, o Rio intensificou o monitoramento de passageiros originários da Índia que chegam aos Aeroportos Internacional Tom Jobim (Galeão) e Santos Dumont. Na cidade de São Paulo, a Secretaria Municipal de Saúde implementou barreiras em terminais rodoviários e no Aeroporto de Congonhas no fim de maio. Há triagem de passageiros sintomáticos, com quadro de síndrome gripal, para investigação clínica e laboratorial, e recomendações de isolamento para casos suspeitos.

Fonte: Da Redação

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