Por causa do golpe, empreendedora conta que está com prejuízo de R$ 5 mil na plataforma. Entregador foi banido.
Donos de restaurantes e entregadores por aplicativo de Salvador relatam golpes de clientes que usam a plataforma. Segundo eles, após receber o pedido em casa, a pessoa que solicitou o pedido cancela a entrega e recebe o dinheiro de volta do aplicativo.
A empreendedora Elisangela Andrade tem um restaurante há cinco anos, que funciona apenas por entrega. Com a pandemia, período em que os pedidos de delivery aumentaram, o faturamento do estabelecimento dobrou. Porém, ela relata que não recebe parte dos pagamentos.
“O cliente, às vezes, age de má fé e diz que [o entregador] não entregou o pedido, mas ele só notifica para o aplicativo depois de 2, 3 horas, quando a gente não tem contato com o cliente. Por medida de segurança, não temos acesso ao telefone do cliente. O único meio que temos é o 0800 e o chat. Quando ele recebe [o pedido], ele cancela o pedido e a gente não tem como falar mais com o cliente”, relata.
Por meio de nota, a empresa Ifood informou que repudia desvios de conduta de qualquer usuário cadastrado no aplicativo, sejam consumidores, estabelecimentos parceiros ou entregadores independentes.
Além disso, a empresa informou que disponibiliza nacionalmente o recurso de código para validação de entrega. Segundo a empresa, a funcionalidade certifica que o pedido foi entregue para o destinatário correto.
Quando o cliente informa para a plataforma que não recebeu o pedido, o restaurante e o entregador não recebem o pagamento. O dinheiro é devolvido ao usuário. Por causa disso, Elisângela conta que, de abril até julho, ela tem R$ 5 mil para receber da plataforma, valor que não foi repassado por causa dos golpes.
“Manter toda uma estrutura, funcionários, os nossos motoboys, fornecedores, sem receber, é muito complicado”, conta Elisangela.
Quem também relata prejuízo por causa do golpe é Wallace Andrade, que trabalha com entregas por aplicativo. Após ser demitido do emprego formal em um shopping, em setembro do ano passado, por causa da pandemia, ele alugou uma moto e passou a fazer entregas pelo aplicativo.
“Quando fui demitido, vi que era o que dava para fazer era isso, o trabalho de entregador. Consegui alugar moto e entrei no aplicativo”, disse.
O motociclista realizava cerca de 8 entregas por dia e conta que nunca teve problemas com os pedidos. Porém, há quatro meses ele foi banido da plataforma depois que um cliente reportou à plataforma que o pedido solicitado não havia sido enviado. Fora da plataforma, ele perdeu mais da metade da renda que recebia no mês.
Sobre os casos citados, a Ifood informou que a empresa apura os casos para tomar as medidas necessárias.
“Estou tentando recorrer, procurando os meios legais de resolver, mas até agora estou esperando. Comecei a trabalhar cedo e sempre trabalhei certo”, conta o entregador.
Fonte: G1