Um vídeo estarrecedor se espalhou pelas redes sociais. Um policial arrasta um homem negro algemado a uma moto que avança através da faixa de ciclistas. O caso ocorreu por volta das 15h da terça-feira (30) na Avenida Professor Luiz Ignácio de Anhaia Mello, na região da Vila Prudente, Zona Leste de São Paulo.
Os policiais que participaram do caso do homem negro algemado junto a uma moto da corporação em movimento na zona leste de São Paulo não disseram em seu depoimento como o jovem de 18 anos foi levado até a delegacia.
O cabo Jocelio Almeida de Sousa, 34 anos, identificado como o policial que aparece nas imagens conduzindo a moto, pode responder pelos crimes de tortura, racismo e abuso de autoridade. Já o soldado Rogério Silva de Araújo, 39, pode responder por prevaricação.
No vídeo, é possível ver o homem negro, de calça preta e camiseta de manga comprida, que aparenta estar bastante cansado correndo atrás da moto pilotada pelo policial. Em um determinado momento, uma das pessoas que provavelmente fez as imagens, fala enquanto ri: “Olha aí, ele algemou e está andando igual um escravo”.
As imagens, que foram compartilhadas em diversos perfis do Instagram e Twitter, geram bastante revolta entre políticos e sociedade civil, que, além de acusarem a corporação de racista, também pediram por justiça.
BARBÁRIE! Retrato de uma sociedade brutalizada, incapaz de sentir a dor alheia, que normaliza a violência e a desumanidade.
Exigimos que o @governosp e a @PMESP apurem e punam rápida e exemplarmente esse criminoso travestido de policial. pic.twitter.com/MLzwoJYFVA
— Orlando Silva (@orlandosilva) December 1, 2021
“BARBÁRIE! Retrato de uma sociedade brutalizada, incapaz de sentir a dor alheia, que normaliza a violência e a desumanidade”, reagiu no Twitter o parlamentar, que cobrou punição exemplar ao policial pelo Governo de São Paulo e PM daquele estado. “Exigimos que apurem e punam rápida e exemplarmente esse criminoso travestido de policial”, cobrou o deputado federal Orlando Silva (PCdoB).
Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo informou o afastamento do policial. “Após tomar ciência das imagens, a SSP determinou a instauração de um inquérito policial militar para apuração da conduta do referido policial e o seu afastamento do serviço operacional”, diz a nota.
Já a PM afirmou que “A Polícia Militar, imediatamente após tomar ciência das imagens, determinou a instauração de um inquérito policial militar para apuração da conduta do referido policial e o seu afastamento do serviço operacional. A Polícia Militar repudia tal ato e reafirma o seu compromisso de proteger as pessoas, combater o crime e respeitar as leis, sendo implacável contra pontuais desvios de conduta”.
Imagem lembra a escravidão, diz ouvidor
A Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo formalizou um pedido à PM de apuração do caso. “A imagem é degradante e choca. Lembra do período da escravidão, quando os negros eram submetidos a esse tipo de humilhação e constrangimento”, criticou o ouvidor Elizeu Soares Lopes.
Lopes diz ver ilegalidade na ação e afronta à democracia. “Vivemos em um Estado democrático de direito. Não podemos admitir justiçamento ou que pessoas sejam submetidas a uma situação de vexame”, declarou.
De acordo com a TV Globo, o homem foi preso por suspeita de tráfico de drogas. Segundo a reportagem, ele estava em uma moto e colidiu contra uma ambulância ao tentar escapar da abordagem policial. Com ele, a PM afirmou ter apreendido 12 tabletes de maconha.
“Se o sujeito ali cometeu algum delito, ele deveria ter sido conduzido para uma delegacia para que pudesse responder pelos seus atos. A ação atenta contra os protocolos da polícia. Não podemos esperar esse tipo de atitude de um agente que deve cumprir a lei. É preciso apurar as violações que aquele jovem sofreu”, afirmou Elizeu
A investigação também está sendo acompanhada pela Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e pelo Grupo Tortura Nunca Mais.
Fonte: HP