Os preços de remédios devem ficar mais caros a partir de abril deste ano. Nesta semana, a CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) deve divulgar o reajuste de medicamentos de 2022, que, usualmente, começa a valer no dia 1º de abril. De acordo com analistas do mercado, a alta deve ser de mais de 10%.
“Se o fator Y [veja mais abaixo o que significa isso] vier na casa dos 2%, prevemos um forte reajuste para medicamentos da ordem de 12%, quase 13%. Esse reajuste deve entrar em vigor a partir de abril, mas ele não é um pulso, ele é um valor máximo permitido.
O que significa que existe uma discricionariedade para as fabricantes repassarem os reajustes ou não ao consumidor”, afirma Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. Sanchez diz que o reajuste deve ser diluído ao longo do primeiro semestre do ano. Cerca de 60% do impacto deve ser sentido em abril, 30% em maio e 10% em junho.
“O reajuste não é em cima do preço praticado nas farmácias, mas do valor máximo autorizado. O Idec já identificou em outros momentos que esse preço máximo é muito alto, então a regulação do reajuste acaba não funcionando da forma como se propõe”, afirma Matheus Falcão, advogado do programa de Saúde do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). Segundo Falcão, essa falha na regulação permite que os remédios tenham os preços reajustados várias vezes ao longo do ano.
Hoje, os idosos, pessoas com doenças crônicas e de baixa renda são os que mais sofrem com os aumentos. “Os idosos e pessoas com doenças crônicas são mais afetados pelos reajustes, porque usam mais remédios e têm menos possibilidade de abrir mão deles, por terem um quadro de saúde mais debilitado. Quando pensamos em classes sociais, os mais pobres sentem mais o impacto. O quadro mais dramático é a pessoa com mais idade ou com problema de saúde com uma renda mais baixa”, afirma Vivian Almeida, economista e professora do Ibmec-RJ (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais do Rio de Janeiro).
Como o reajuste é calculado
O reajuste dos remédios considera o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial do país, e mais três fatores, batizados de X, Y e Z.
- IPCA: inflação oficial do país acumulada de março de 2021 a fevereiro de 2022;
- Fator X: mede o nível de produtividade do setor farmacêutico;
- Fator Y: tem como objetivo medir os impactos de itens que estão fora do IPCA;
- Fator Z: existem três níveis (1, 2 ou 3), definidos com base na concorrência do mercado. Se um remédio é vendido por apenas uma empresa, por exemplo, o reajuste vai entrar no nível 3, que é mais baixo. Agora, se existem uma série de laboratórios que fabricam o mesmo remédio, com mais concorrência, o reajuste é o maior de todos (nível 1).
Como economizar na compra de remédios
O reajuste vai pesar mais no bolso de muita gente. Para a Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), existem algumas formas de economizar na hora da compra. A primeira delas é pesquisar o preço dos medicamentos em mais de uma farmácia.
Outra forma de economizar é por meio de descontos oferecidos por planos de saúde ou por programas de fidelidade oferecidos pelas farmácias ou pelos laboratórios que produzem os medicamentos. Dar preferência a medicamentos genéricos também pode ser uma boa saída para economizar. Neste caso, o ideal é pedir para que o médico faça a prescrição com base no princípio ativo e não pelo nome comercial, para que o consumidor consiga optar pelo genérico.
Falcão diz que vale a pena até procurar o remédio em diferentes unidades da mesma rede que, a depender da região, os preços podem ser diferentes. Também existem remédios cadastrados no programa “Farmácia Popular”, com até 90% de desconto. Como conseguir remédios de graça Hoje, é possível encontrar remédios para doenças crônicas, como diabetes, asma e hipertensão, de forma gratuita.
O benefício não está direcionado apenas a quem é usuário do SUS (Sistema Único de Saúde). Quem tiver uma receita de uma clínica particular também pode contar com o programa. Para pedir os medicamentos, a pessoa precisa ir até uma farmácia que possui o logo “Aqui tem farmácia popular” ou em uma UBS (Unidade Básica de Saúde) que tenha o serviço. É preciso apresentar a receita médica e um documento com foto.
Fonte: OUL