O presidente Lula (PT) exonerou o general general Júlio César de Arruda do comando do Exército hoje. O substituto será o atual comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva.
A informação foi confirmada pelo UOL por um general da corporação. A destituição se dá em meio a um momento delicado na relação entre o governo e as Forças Armadas, após os atos golpistas de 8 de janeiro.
Lula se reuniu com Arruda, o ministro da Defesa, José Múcio, e os outros dois comandantes das Forças Armadas na manhã de ontem (20) para, oficialmente, tratar da “modernização” das corporações. Ao UOL, um general do alto comando afirmou que a decisão de Lula causa “estranhamento” já que ontem houve uma longa reunião e o presidente teria a oportunidade de demitir o comandante. “O método adotado é estranho”, disse, dado que Arruda teria saído da reunião falando que o resultado havia sido “ótimo”. Segundo o UOL apurou, o principal motivo da destituição seria falta de confiança por parte de Lula com o comandante. Arruda assumiu o cargo no dia 30 de dezembro, para ajudar a administra.
Tomás Paiva, por sua vez, chamou atenção ao defender o respeito ao resultado das urnas e a democracia durante um discurso de cerca de 10 minutos para tropa, no quartel-general do Comando Militar do Sudeste, na última quarta (18). O Exército ainda não comentou a troca. No momento, a corporação diz que manifestações devem sair do Ministério da Defesa, que também não se pronunciou.
Lula já vinha se mostrando abertamente o seu descontentamento com os ataques.
Além de fazer cobranças públicas em relação ao Exército, o presidente chegou a questionar se as portas do Planalto foram abertas por militares, dada a facilidade com os que terroristas invadiram os prédios. Na madrugada dos atentados, o Exército impediu que a PM entrasse no acampamento em frente ao QG, em Brasília, e prendesse os envolvidos —mesmo depois que os terroristas haviam depredado as sedes dos três Poderes. Segundo pessoas próximas ao governo, Arruda desautorizou pessoalmente o ministro da Justiça, Flávio Dino, a entrar no acampamento e prender os manifestantes, na frente de Múcio.
Os episódios fizeram com que Lula ficasse ainda mais desconfiado em relação à corporação e ao comando de Arruda. Desde então, o presidente não tem escondido o descontentamento com os militares, anunciando publicamente uma desmilitarização e desbolsonarização do governo. Na última terça (17), o governo dispensou 40 militares que cuidavam do Palácio da Alvorada. Na quarta (18), mais 13 militares do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) que compunham a guarda do Planalto.
O presidente também tem se mostrado insatisfeito com o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), responsável pelo CMP (Comando Militar do Planalto), e com seu comandante, o general Gonçalves Dias, de quem é próximo desde 2003, quando este último comandou a pasta na primeira gestão petista. Segundo a imprensa revelou, ao menos 36 homens do Batalhão da Guarda Presidencial foram dispensados, por escrito, 20 horas antes de bolsonaristas invadirem e depredarem o Palácio do Planalto.
Quem é o novo comandante
Tomás Miguel Ribeiro Paiva é general desde 31 de julho de 2019 e estava à frente do Comando Militar do Sudeste. Ele participou das missões realizadas pelo exército brasileiro no Haiti e nos complexos da Penha e do Alemão, por ocasião do chamado processo de pacificação, em 2012.
Formado em 1981, Paiva iniciou sua carreira como oficial no no 7º Batalhão de Infantaria Blindado, em Santa Maria (RS). Depois disso, o militar serviu em quartéis nos estados do Rio e do Paraná e atuou como como assessor militar do Brasil junto ao exército do Equador. Além disso, Paiva comandou o Batalhão da Guarda Presidencial em Brasília, Academia Militar das Agulhas Negras e a Escola Preparatória de Cadetes do Exército – entre outras unidades.
Fonte: OUL