Organizações estudantis fizeram, nesta quarta-feira, ato pedindo a revogação do novo ensino médio (NEM). A lei de 2017 estabeleceu um novo currículo que passou a ser implementado obrigatoriamente em 2022. Estudantes e professores se reuniram pela manhã na Avenida Paulista, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), e saíram em passeata em direção à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
Estudantes de outros estados também protestaram contra o novo ensino médio pedindo sua revogação.
Do carro de som foram chamadas palavras de ordem, pedindo a revogação do novo currículo que reduz a obrigatoriedade de algumas disciplinas e cria itinerários, que permitem que os alunos se aprofundem nos temas de interesse. Entre as opções, está a ênfase em linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou no ensino técnico. A oferta de itinerários, entretanto, depende da capacidade das redes de ensino e das escolas.
Com faixas e cartazes, os estudantes criticaram as mudanças, que veem como um esvaziamento do ensino que, entre outros problemas, os deixa menos preparados para ingressar nas universidades públicas. “Como a gente vai se preparar para a universidade, para o vestibular, para o mercado de trabalho se a gente está preocupado em fazer brigadeiro? Enquanto as escolas particulares estão preparando para pegarem as melhores vagas das universidades”, criticou a estudante do 2º ano do ensino médio, Júlia Oliveira.
A jovem de 17 anos, que também faz parte da diretoria da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo, reivindica que uma nova base curricular seja feita a partir de um debate amplo. “A gente sabe que o ensino médio anterior, antes dessa reforma, não era lá essas coisas. Todo mundo reclamava. Com certeza, um novo ensino médio de qualidade deveria ser feito com diálogo com os alunos, com a Secretaria de Educação, os professores, quem está no dia a dia da escola. Deveriam ter aulas mais dinâmicas, conteúdos precisos sobre o vestibular e sobre o cotidiano de fato”, diz.
Moradora de Osasco, na Grande São Paulo, Sofia Almeida, de 17 anos afirma que já percebe os impactos negativos das mudanças no ensino. “A gente sente o quanto isso afeta a gente no cotidiano. Principalmente a gente que vem de escola pública”, ressalta. Para ela, os conteúdos agora são oferecidos “muito por cima”, sem o aprofundamento necessário. “A gente perdeu um monte de matérias. Não temos mais biologia, sociologia, e isso vai respingar muito nos vestibulares, com certeza”, acrescenta.
Para o professor de geografia Alex Guedes, o novo ensino médio reduz os horizontes dos estudantes. “Essa contrarreforma veio no sentido de tornar o ensino ainda mais precário, ainda mais técnico, não dando possibilidade do desenvolvimento dos estudantes, de pensamento crítico que vá no sentido de transformar essa sociedade, de pautar os interesses da maioria da população.”
Fonte: Da Redação