O benefício é pago pelo governo federal a partir do cadastro de dados feito pelas prefeituras de municípios afetados. Foram realizadas mais de 629 mil solicitações
Destinado a famílias atingidas pela enchente no Estado, existem 1.262 pedidos para receber o Auxílio Reconstrução em nome de pessoas que constam como mortas para o governo federal segundo o portal G1. Ao todo, foram realizadas 629,6 mil solicitações.
O benefício é de R$ 5,1 mil, pago via Pix, e só pode ser recebido por quem comprova que foi diretamente afetado pela enchente, após uma identificação dos dados feitas pelas prefeituras. Porto Alegre é a cidade com o maior número de registros de mortos entre os pedidos: dos 124,7 mil cadastrados, 862 famílias teriam o responsável já falecido.
O contrário também acontece. É o caso de Geremias Izaias Porto Costa, morador de São Leopoldo, na Região Metropolitana. Ele esperava receber o auxílio, mas foi não teve o benefício liberado diante da indicação de óbito nos dados do governo.
O ministro da Secretaria de Apoio à Reconstrução do RS, Paulo Pimenta, disse ao G1 que o governo tem dois mecanismos para tentar coibir as fraudes. O primeiro é a proposta de publicação do nome, endereço e CPF de todas as pessoas que receberam o auxílio. Outra possibilidade é o cruzamento de dados das contas de água e luz, do Censo e de registros no SUS, CadÚnico e Receita Federal.
— É lamentável que, numa situação como essa, a gente tenha que enfrentar essa tentativa de fraude, que é tirar o dinheiro das pessoas que mais precisam na hora que elas mais precisam” — afirmou Pimenta.
Casos de fraude em Canoas
Júnior Cechinel solicitou o Auxílio Reconstrução, alegando ter perdido tudo no bairro Harmonia, em Canoas. No entanto, ele estava preso na Penitenciária Modulada de Osório até 28 de maio de 2024. Após receber liberdade condicional, segundo o G1, o homem passou a residir na praia de Quintão, em Palmares do Sul.
Júnior também intermedia um esquema para outras pessoas, vendendo endereços supostamente não reivindicados por moradores. São cobrados R$ 550 pelo serviço, sendo R$ 500 quando o dinheiro for liberado pelo governo federal.
Em outra suspeita de fraude, Dienifer Massena se inscreveu para receber o Auxílio Reconstrução e a verba destinada pelo município a microempreendedores afetados pela enchente. Na Receita Federal, ela aparece como dona de uma estética no bairro Mathias Velho, alegando que o salão foi “muito impactado”. No entanto, o negócio foi fechado em dezembro de 2023, como fica claro em postagens nas redes sociais.
A prefeitura da cidade afirma ter excluído ambos dos cadastros de beneficiados e diz a checagem dos dados apresentados cabe ao governo federal.
GZH