Baixa procura está preocupando Ministério da Saúde. Somente trabalhadores em saúde e idosos ultrapassaram 50% da meta de imunização
Mais de 70 dias após o início da vacinação contra a gripe, somente dois grupos que pertencem ao público-alvo prioritário da campanha atingiram 50% da meta. A imunização contra a influenza não deslancha, o que acendeu sinal de alerta no Ministério da Saúde, às vésperas do começo do inverno – a estação começa na próxima terça (21/6).
O maior problema do adoecimento por gripe nesse período é que o acúmulo de enfermos pode pressionar os serviços de saúde do país.
Fazem parte dos grupos prioritários para a vacinação crianças, trabalhadores da saúde, gestantes, puérperas, indígenas, idosos e professores. Dessas pessoas, somente funcionários da saúde e idosos ultrapassaram metade do público a ser imunizado.
Ao todo, 56,8% dos idosos tomaram a dose de proteção contra a gripe. Dos trabalhadores da saúde, 56,4%.
Os dados foram analisados pelo Metrópoles, com base em material publicado pelo LocalizaSUS, plataforma de prestação de contas do Ministério da Saúde.
As gestantes e as puérperas, que são mulheres que deram à luz até 45 dias, apresentam a menor procura pela proteção, com 32,3% e 33,3% do público imunizado, respectivamente.
Veja por categoria o percentual de vacinação:
- Puérperas – 33,3%
- Povos indígenas – 45,5%
- Gestantes – 32,3%
- Crianças – 40,1%
- Trabalhadores da saúde – 56,4%
- Idosos – 56,8%
- Professores – 42,9%
A baixa procura está preocupando o Ministério da Saúde. No começo do mês, a pasta prorrogou a campanha até 24 de junho. A ação estava prevista para ser encerrada em 3 de julho.
A partir de 25 de junho, estados e municípios poderão ampliar a campanha contra a gripe para toda a população, enquanto durarem os estoques do imunizante. A iniciativa começou em 4 de abril.
Neste ano, o público-alvo soma 77,9 milhões de pessoas. Até sexta (17/6), tinham sido aplicadas 33,4 milhões de doses. O Ministério da Saúde distribuiu 79,9 milhões de doses.
Alerta
A infectologista Ana Helena Germoglio, professora assistente de medicina no Centro Universitário de Brasília (UniCeub) e especialista em prevenção de infecções hospitalares, explica que vários motivos contribuem para a baixa adesão popular.
A especialista cita como exemplo os adoecimentos por dengue, entre o fim do ano passado e o começo deste ano, além dos casos de Covid-19, que voltaram a subir nas últimas semanas. “Muitas pessoas estão com quadro de Covid, então estão priorizando essa doença”, salienta.
Ana Helena Germoglio, contudo, faz críticas à campanha para atrair as pessoas. “Estamos com um chamamento público muito aquém do que a gente deveria ter. As pessoas esquecem que a influenza pode evoluir para quadros graves”, pondera.
A médica avalia que é preocupante o fato de as gestantes e puérperas estarem com baixa imunização. “Elas precisam se vacinar para quebrar o ciclo de transmissão”, conclui. (Metrópoles)