“Estamos colocando à venda a memória da Bahia”, diz antropólogo sobre leilão da sede do Arquivo Público

Após suspensão, a venda do imóvel que abriga mais de 40 milhões de documentos foi remarcada para a próxima segunda-feira (17)

Foto: Carla Ornelas/GOVBA

O antropólogo e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Ordep Serra classificou o leilão do prédio que abriga o Arquivo Público do Estado da Bahia (Apeb) como “um dos momentos mais tristes da nossa história”. Ele acredita que a venda do casarão tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), prevista para a próxima segunda-feira (17), colocará em risco os documentos históricos do acervo contidos nele.

“É um dos momentos mais tristes da nossa história. Estamos colocando à venda, dilapidando, uma parte da memória da Bahia. Isso não tem perdão. A história trará [o leilão] como um momento infame”, declarou Serra. “A remoção desses documentos nos coloca em perigo porque são importantíssimos para a história da Bahia, do Brasil e do Atlântico Sul. É um vexame, deixa os baianos na pior situação. Completo absurdo”, lamentou.

“Que projeto é esse, tão importante, para sacrificar a memória da Bahia?”, questionou, em seguida, o professor.

De acordo com a Associação Nacional de História na Bahia (Anpuh-BA), o Arquivo Público figura entre os maiores do mundo, com 40 milhões de documentos que ajudam a contar a história do estado e do país. Segunda maior instituição arquivística do país, está à disposição para consulta e visualização de estudantes, professores e pesquisadores.

O leilão é destinado ao pagamento de dívidas contraídas pela hoje extinta Superintendência de Fomento ao Turismo do Estado da Bahia (Bahiatursa). A penhora foi oferecida em 2005, na gestão do então governador Paulo Souto (UNIÃO). A primeira praça, que aconteceria em 9 de novembro de 2021, foi suspensa após uma decisão judicial. Onze meses depois, porém, voltou à pauta e deve acontecer no próximo dia 17.

Fonte: Metro1

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