Gusttavo Lima tem prisão decretada em investigação sobre bets

Cantor teve a prisão decretada âmbito da Operação Integration, que prendeu também a influenciadora e advogada Deolane Bezerra

O cantor Gusttavo Lima — Foto: Divulgação

A Justiça de Pernambuco decretou a prisão do cantor Gusttavo Lima nesta segunda-feira. A decisão é da juíza Andrea Calado da Cruz, do TJPE. O processo corre em sigilo. A informação foi confirmada pelo GLOBO. Procurada, a assessoria do cantor ainda não se manifestou.

O pedido de prisão ocorre no âmbito da Operação Integration, que prendeu também a influenciadora e advogada Deolane Bezerra no início do mês. Em nota, o TJPE informou que, além das prisões, “foi determinada a indisponibilidade de bens dos envolvidos, visando garantir a reparação dos danos e a eficácia das medidas judiciais”. Além disso, a decisão mantém os decretos de prisão já expedidos anteriormente, incluindo o de Deolane.

Na decisão, a juíza escreveu que “o jogo do bicho, assim como outros jogos de azar, tem um efeito devastador sobre famílias”, em referência aos fatos que embasam a ação, revelou o colunista Lauro Jardim. Deflagrada no início do mês, ela investiga uma organização criminosa de jogos ilegais (bets, inclusive) e lavagem de dinheiro.

Para a magistrada, os jogos de azar atingem “de forma mais cruel a classe trabalhadora, que se vê presa em ciclos de endividamento e desespero”. Ainda de acordo com Andrea, os jogos “corroem o tecido social, fomentando a desigualdade e a destruição de famílias”.

Ela também afirma que cabe ao Judiciário coibir os efeitos causados pelos jogos, sem se deixar “ser influenciado pelo poder econômico ou pelo status social dos investigados”.

Gusttavo é o sertanejo mais popular do país atualmente, com milhões de seguidores nas redes sociais (45,1 milhões no Instagram) e de ouvintes nas plataformas de streaming. O cantor esteve ontem no Rock in Rio. No dia anterior, ele se apresentou no Jaguariúna Rodeo Festival, em São Paulo, ao lado de Zezé di Camargo.

Leia, na íntegra, a nota do TJPE:

“A Assessoria de Comunicação do TJPE informa que na tarde desta segunda-feira (23/9), no âmbito da “Operação Integration”, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro relacionado à exploração de jogos do bicho e jogos de azar, o juízo da 12ª Vara Criminal da Capital, após manifestação do Ministério Público de Pernambuco, acolheu a representação da autoridade policial e decretou a prisão preventiva de mais dois investigados na operação – Bóris Maciel Padilha e Nivaldo Batista Lima. Além das prisões, foi determinada a indisponibilidade de bens dos envolvidos, visando garantir a reparação dos danos e a eficácia das medidas judiciais. O juízo também manteve todos os decretos de prisão já expedidos anteriormente, incluindo o da influenciadora Deolane Bezerra, e determinou a difusão vermelha junto à Interpol para a captura dos que estão foragidos. A Operação Integration tem como objetivo desarticular um esquema de lavagem de dinheiro que movimenta grandes quantias através da exploração ilícita de jogos. O processo permanece sob sigilo para garantir a integridade das investigações em andamento”.

Entenda Operação Integration, que prendeu Deolane Bezerra

A empresária, advogada e influenciadora digital Deolane Bezerra foi presa na operação “Integration” da Polícia Civil de Pernambuco contra uma organização criminosa voltada à prática de lavagem de dinheiro e jogos ilegais. A prisão aconteceu na manhã do dia 4 de setembro, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.

As investigações da operação iniciaram em abril de 2023. Além da prisão dela, foram expedidos mais outros 18 mandados de prisão e 24 mandados de busca e apreensão no Recife, Campina Grande (PB), Barueri (SP), Cascavel (PR), Curitiba e Goiânia.

Entenda o esquema pelo qual Deolane é investigada

Deolane Bezerra — Foto: Reprodução Instagram
Deolane Bezerra — Foto: Reprodução Instagram

A advogada e influenciadora Deolane Bezerra é suspeita de utilizar sorteios no Instagram para lavagem de dinheiro. Entre os prêmios anunciados, estavam uma mala contendo R$ 880 mil em espécie, uma viagem para Orlando, nos Estados Unidos, e carros de luxo, como uma Land Rover Discovery e um Porsche 911 Carrera S Cabriolet, com um valor estimado em quase R$ 1 milhão. Os ganhadores poderiam optar por receber o valor dos prêmios em dinheiro.

A informação foi publicada pelo jornal Diário de Pernambuco, que teve acesso a um relatório da Polícia Civil de Pernambuco. Os investigadores também afirmam no documento que a influenciadora teria promovido oito sorteios na plataforma desde novembro de 2023.

Conforme a publicação, Deolane afirma que sua participação se limitava à divulgação dos sorteios, pelos quais era paga, e nega envolvimento com os bens sorteados. Contudo, os investigadores descobriram que a Land Rover rifada em novembro de 2023 foi declarada por ela no imposto de renda daquele ano.

Segundo a investigação, os sorteios eram organizados pela EDSCap Ltda, uma empresa vinculada ao grupo Esportes da Sorte, especializada na comercialização de títulos de capitalização. Esses títulos eram emitidos pela Capemisa Capitalização S.A. e os valores arrecadados seriam destinados à Federação Nacional das Apaes, conforme consta no inquérito.

Entretanto, segundo o Diário, os investigadores identificaram que a Apaes transferiu R$ 2.930.588,00 para a conta da Bezerra Publicidade e Comunicação Ltda, empresa administrada por Deolane, com participação de seus familiares, entre janeiro e março de 2024. As transações foram descritas como pagamento por “serviços de publicidade”.

Ao questionar a Apaes, as autoridades receberam 11 notas fiscais desses serviços, das quais oito estavam “canceladas”. O valor total declarado chegaria a R$ 3.987.156,70.

Gusttavo Lima teve avião apreendido em operação contra bets

 

Aeronave apreendida durante Operação Integration — Foto: Divulgação/SSP-SP
Aeronave apreendida durante Operação Integration — Foto: Divulgação/SSP-SP

A operação que prendeu Deolane Bezerra, entre outros 18 alvos, teve o sequestro de bens como carros de luxo, imóveis, aeronaves e embarcações. O avião apreendido pela polícia, envolvido nas investigações da Operação “Integration”, pertence à empresa Balada Eventos e produções, do cantor sertanejo Gusttavo Lima. Segundo a equipe do cantor informou ao GLOBO, o avião foi vendido, apesar de ainda estar registrado como de propriedade da empresa do cantor.

“A BALADA EVENTOS por intermédio de seu advogado Cláudio Bessas, esclarece que a aeronave prefixo PR-TEN, foi vendida por meio contrato de compra e venda, devidamente registrado junto ao RAB-ANAC para a empresa J.M.J Participações. Portanto, empresa J.M.J é a proprietária e está registrada no RAB da ANAC como operadora até o deferimento do processo de transferência pelo órgão”, informou ao GLOBO a equipe do sertanejo.

No registro da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a empresa de Gusttavo Lima, com sede em Goiânia e Aparecida de Goiânia, aparece como proprietária da aeronave. São sócios e administradores da firma a Gsa Empreendimentos e Participacoes Ltda e Nivaldo Batista Lima, nome de registro de Gusttavo Lima.

Apesar disso, segundo o registro da Anac, a aeronave é operada pela empresa JMJ PARTICIPACOES LTDA, que também aparece como dona do helicóptero apreendido na Operação Integration, em Campina Grande. A JMJ é de propriedade de Jorge Costa Guimaraes Junior, Julio Cesar Lago Guimaraes e Marco Antonio Lago Guimaraes.

O CESSNA 560XLS pode acomodar até 11 pessoas, e teve seu último registro de compra e venda para a empresa do cantor em 30 de julho de 2022, segundo o Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB). A investigação desta semana foi para identificar e desarticular uma organização criminosa voltada à prática de jogos ilegais e lavagem de dinheiro.

O delegado Ubiratan Rocha, da Polícia Civil de Pernambuco, disse à TV Paraíba que garrafas de vinho estimadas em R$ 5 mil também foram recolhidas. Segundo o g1, os endereços de buscas em Campina Grande estariam ligados à pessoa física e jurídica de José André da Rocha Neto, empresário por trás da Vai de Bet, empresa de apostas cujo embaixador é o sertanejo Gusttavo Lima.

Saiba quem é investigado na operação

 

Deolane Bezerra e mãe, Gusttavo Lima e empresário paraibano: entenda quem é quem em investigação que resultou na prisão da influenciadora — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Deolane Bezerra e mãe, Gusttavo Lima e empresário paraibano: entenda quem é quem em investigação que resultou na prisão da influenciadora — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Além de Gusttavo Lima e Deolane Bezerra, a Operação Integration mira também Solange Bezerra, mãe da influenciadora, e o empresário José André da Rocha Neto.

Solange foi apontada como integrante do esquema, e as duas foram alvos de ordens judiciais de sequestro de bens como carros de luxo, imóveis, aeronaves e embarcações.

Já a Balada Eventos e Produções é suspeita de envolvimento no amplo esquema de lavagem de dinheiro de jogos ilegais que motivou a operação Integration. Segundo reportagem do Fantástico, da TV Globo, a Balada participou da lavagem com empresas de José André da Rocha Neto, um empresário da Paraíba. O CNPJ ligado ao cantor teve R$ 20 milhões, além de imóveis e embarcações, bloqueados pela Justiça.

Um avião pertencente à Balada foi comprado por uma das empresas de Rocha Neto, a JMJ. Outra empresa dele, a Vai de Bet, tem Gusttavo Lima como garoto-propaganda.

O cantor e o empresário, inclusive, estavam juntos, na Grécia, no dia em que a operação foi deflagrada. Rocha Neto teve prisão decretada e, portanto, é considerado foragido. A Justiça bloqueou R$ 35 milhões dele e R$ 160 milhões de suas empresas.

Em nota, a defesa do empresário afirmou que não há qualquer indício da participação dele em atos ilícitos e que o patrimônio é “declarado e regular”. Já o advogado de Gusttavo Lima disse em nota que a Balada “apenas vendeu um avião a uma das empresas investigadas”.

Deolane continuará presa?

Nesta sexta-feira, 21, o Ministério Público de Pernambuco pediu à Polícia Civil de Pernambuco que realize novas diligências para concluir o inquérito da Operação Integration. Além disso, o órgão recomendou a substituição das prisões preventivas dos investigados por outras medidas cautelares.

“O Ministério Público de Pernambuco, após minuciosa análise dos autos da investigação denominada “Operação Integration”, concluiu que, no momento, para embasar a acusação formal seriam necessárias algumas diligências complementares as que já foram levadas a efeito pelo Polícia Judiciária do Estado de Pernambuco”, disse MP-PE.

Na avaliação do órgão, a continuidade das prisões preventivas implicaria, “inevitavelmente, em constrangimento ilegal”. Entre medidas cautelares estão o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar e a proibição de falar com outros investigados e envolvidos no caso, por exemplo.

Após ser presa pela primeira vez no início do mês, Deolane Bezerra chegou a ser solta no dia 9 de setembro. Ela foi beneficiada pela norma do Supremos Tribunal Federal (STF) que trata de habeas corpus coletivos para mulheres que tem filhos menores de idade. No dia seguinte, no entatno, o benefício foi revogado. Logo após deixar a penitenciária, a influenciadora violou uma das cautelares impostas a ela e se manifestou publicamente sobre o caso.

Nesta quinta-feira, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou um novo pedido de habeas corpus apresentado pela defesa de Deolane, que segue presa na Colônia Penal Feminina de Buíque. No pleito, os advogados questionavam a imposição da medida cautelar de proibição de manifestação em redes sociais, imprensa e assemelhados e pedia a revogação da prisão.

A decisão desta quarta-feira é do ministro Otávio de Almeida Toledo, originalmente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), mas está atuando na Sexta Turma do STJ em razão da ausência de um ministro titular no colegiado.

O magistrado observou que ainda está pendente na Corte de origem (TJPE) julgamento definitivo sobre o afastamento da medida cautelar imposta e, posteriormente, descumprida. Por isso, o STJ não poderia, neste momento processual, analisar a questão.

Na semana passada, o STJ já havia negado outro pedido de liberdade da influenciadora. Os advogados de Deolane haviam solicitado que fosse revogada a prisão preventiva ou que fosse substituída por medidas cautelares ou prisão domiciliar. A defesa alegou que a influenciadora é mãe de Valentina, de oito ano.

Fonte: O globo

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